C.F. Abreu
Eu
ia te escrever qualquer dia, eu tinha — e tenho — um monte de coisas
pra te dizer, aquelas coisas que a gente cala quando está perto porque
acha que as vibrações do corpo bastam, ou por medo, não sei.
Mas as
coisas todas, externo-interno, eram muito difíceis e escuras, eu não
tinha condições de mostrar ou dar nada a ninguém que não fosse também
escuro, compreende? Eu não queria, eu não quero dar trevas, dor, medo,
solidão — eu quero dar e ser luz, calor, amparo (…)
Caio Fernando
Abreu
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